Como é possível sem sexo?

Tendo em vista que a hipótese da Rainha Vermelha não está apenas restrita a modelos, mas que talvez ela seja um fator importante para propulsão da evolução filética, poderia o mesmo processo (seleção freqüência-dependente por parasitas) manter a sexualidade e ajudar a explicar a manutenção das chamadas linhagens assexuais antigas que mantem o caráter assexuado por um longo período de tempo evolutivo?

[Judson(1997)] coloca um modelo que leva em conta a variável de dispersão tanto de parasitas quanto hospedeiros em uma dinâmica de Rainha Vermelha de metapopulações, e observa que os resultados podem não apenas levar o estabelecimento de linhagens assexuadas, mas também a permanência de diversidade clonal nessas populações indefinidamente. Neste modelo, a migração seria uma ``alternativa'' ao sexo, mantendo a diversidade na metapopulação por dois modos: manutenção de iguais diversidades em cada deme (unidade da metapopulação) ou predominância de um tipo específico clonal em cada deme, mas mantendo a metapopulação como um todo mais diversa que cada deme particular. Notamos, então, que em uma linhagem unicamente assexuada, o parasitismo selecionaria negativamente as linhagens mais freqüentes (o que resultaria em monomorfismo e posterior extinção sem a influência da dispersão), uma vez que, em tal dinâmica, o parasitismo se portaria como um intensificador da deriva genética na ausência de seleção. Enquanto em populações não migratórias a deriva genética levaria 704 anos para excluir metade dos alelos, a seleção por parasitas levaria apenas 175 anos, e 400 anos para eliminar todos Judson97. O modelo explica tanto a diversidade clonal de espécies unicamente sexuadas, como pode ser extrapolado para populações sexuais facultativas, embora nestas últimas a variabilidade provavelmente dê-se pelo surgimento constante de populações assexuadas de populações sexuadas e a seleção por parasitas poderia contribuir não para a diversidade, mas para o monomorfismo Jokela03.

Leonardo 2003-12-20