Órgão de rato organiza odor espacialmente 
FREE-LANCE PARA A FOLHA 

Se dentro do seu nariz existisse um painel eletrônico com pontos que acendem e apagam, cada cheiro acenderia um grupo diferente desses
pontos, formando padrões luminosos característicos. Estudo publicado na "Nature Neuroscience" de outubro mostra que cada odor tem um
padrão singular.

O estudo foi feito em ratos. Mostrou que moléculas de ácido acético e álcool etílico (vinagre e álcool comum) estimulam grupos de células diferentes do bulbo olfativo (grupo de células relacionadas ao olfato, próximo ao cérebro).

Essas moléculas pertencem a grupos químicos diferentes. Os ácidos aumentaram a atividade celular (consumo de oxigênio) no meio do bulbo. Já os álcoois estimularam áreas laterais.

Dentro de cada grupo químico, as moléculas são diferenciadas pelo tamanho. O álcool etílico, por exemplo, é formado por dois átomos de carbono. Álcoois formados por três ou mais carbonos foram testados.

O estudo mostrou que, dentro de um mesmo grupo, os padrões de ativação também são diferentes para moléculas com diferentes tamanhos. Apesar disso, áreas ativadas nesse caso ficaram restritas a uma zona específica da função química.

"Acreditamos ter começado a entender os mecanismos pelos quais moléculas de odor, com estruturas químicas diferentes, são sentidas de  maneira diferente", afirma Naoshige Uchida, autor do estudo e pesquisador do Laboratório de Cold Spring Harbor, nos EUA.

Para observar as células, os cientistas utilizaram um microscópio com câmera digital. Os sinais foram obtidos por meio das diferenças na  capacidade da hemoglobina (molécula que transporta o oxigênio) de absorver luz. A hemoglobina está presente nos glóbulos vermelhos do sangue, circulando nos microvasos do bulbo.

Quando a hemoglobina não está ligada ao oxigênio, a molécula absorve mais luz do que quando está com oxigênio. Assim, regiões com maior consumo de oxigênio (células ativas) apresentam mais hemoglobina sem oxigênio e maior absorção de luz. "Essas regiões ficam negras no microscópio, permitindo a identificação das zonas em atividade", afirma Uchida. (LGB)
 

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