Aparelho desenvolvido em Pernambuco vai identificar também cheiros de diesel e gasolina junto a tubulações 

Nariz artificial evita vazamentos de óleo
LUCIANO GRÜDTNER BURATTO 
FREE-LANCE PARA A FOLHA 

 Pesquisadores de Pernambuco pretendem desenvolver até o fim do ano um "nariz eletrônico" 100% nacional, capaz de detectar vazamentos de
petróleo em tubulações. O aparelho poderá evitar derramamentos como os que ocorreram em julho no Paraná e em janeiro no Rio de Janeiro.

 O dispositivo permitirá detectar e distinguir óleo diesel, gasolina e gases derivados de petróleo. Assim, vazamentos poderão ser apontados
precocemente. O projeto, de R$ 410 mil, é financiado pelo fundo setorial CTPetro.

 O aparelho será colocado próximo às juntas das tubulações, onde a chance de vazamento é maior, e enviará sinal de rádio a um computador
na central de operações da refinaria quando detectar cheiro de óleo. Um técnico será então mandado ao local do problema.

 "Esses narizes também diferenciam gases indistintos para nós. O acidente na Bahia, em que pessoas tomaram metanol achando que era
etanol (álcool etílico), é um exemplo da nossa limitação", afirma o físico Francisco Luiz dos Santos, da Unicap (Universidade Católica de
Pernambuco), um dos coordenadores do projeto.

 O nariz interessa à indústria eletrônica, por exemplo. Empresas inglesas estão desenvolvendo detectores embutidos em fornos de microondas
para evitar que alimentos queimem.

 A versão brasileira do nariz custará 10% do valor de mercado, que é de R$ 20 mil, pois a tecnologia está sendo desenvolvida no país, na
Unicap e UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Além de Santos, a equipe inclui o químico Edson Gomes, da Unicap, e Marizete
Santos e Tereza Ludermir, da UFPE.

 Desde 1994 a equipe produz esses aparelhos. Os modelos iniciais distinguiam vinhos tinto, branco e rosé, posteriormente diferenciando safras do mesmo vinho.

Sensor e redes neurais 
 A arquitetura do "nariz" segue princípios de biologia. As moléculas são detectadas por receptores no nariz. A informação é mapeada no bulbo
olfativo (veja quadro à direita), que envia sinais ao cérebro, onde o odor é percebido.

 Sensores (receptores) feitos com polímeros (plásticos condutores de eletricidade), ao entrar em contato com as moléculas de odor, enviam
informações a uma placa de aquisição de dados em um computador.

 Os dados são então analisados por uma rede neural (programa que imita as ligações entre neurônios e sua fisiologia). Após ser "treinada" com
um cheiro, a rede aprende a identificá-lo. As moléculas alteram a condutividade elétrica do sensor. Assim, odores diferentes geram sinais
diferentes, permitindo identificá-los.
 

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