Conforto é o de menos
Se você não quer um móvel apenas para decorar, é preciso ficar de olho nos detalhes ergonômicos
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Embora bonitos, muitos móveis com design diferenciado são desconfortáveis. Se a intenção do consumidor é apenas ter uma "cadeira-escultura", o conforto deixa de ser um fator tão importante.

Mas, se o que se quer é um móvel também funcional, então é importante observar se o desenho do produto respeita alguns princípios básicos de ergonomia e, com isso, evitar aborrecimentos.

Flávia (prefere não revelar o nome para não se indispor com a decoradora) comprou um sofá de dois lugares por R$ 5.000 para sua sala de TV atendendo à indicação da profissional, mas não pôde usá-lo, devido ao pouco conforto. "As visitas não conseguem ficar sentadas por muito tempo", diz.

Parte do desconforto se deve a características individuais (as pessoas têm tamanhos diversos, e o móvel é projetado seguindo uma média) e nacionais (as alturas variam de país para país).

Um exemplo veio junto com o crescimento, na década de 90, da importação de sofás dos Estados Unidos. Projetados para os norte-americanos, o móvel não caiu bem para o consumidor
brasileiro, em média mais baixo.

Além das diferenças interpessoais, o desconforto com os móveis também surge porque o homem não foi "projetado" para ficar muitas horas parado: a permanência numa mesma posição dificulta a
circulação sanguínea.

Liberdade de movimento
Uma maneira de facilitar o fluxo do sangue é o projetista desenhar móveis nos quais o corpo fique apoiado sobre regiões com menor densidade de vasos, deixando livres regiões mais vascularizadas.

"O importante é dar liberdade de movimento. Nenhuma cadeira permite ficar muitas horas sentado", afirma Laerte Idal Sznelwar, professor de ergonomia da USP (Universidade de São Paulo).

Alguns sofás, por exemplo, são muito profundos, com braços altos e encosto reto. Distorções podem ser corrigidas, com almofadas de apoio para a coluna e para os braços e adequando a profundidade do sofá ao comprimento das coxas. E o excesso de profundidade não é de todo mal: na hora de deitar, são mais confortáveis.

Essa flexibilidade no desenho tem sido mais valorizada. "Um bom designer é aquele que consegue somar a seu produto conforto, qualidade e beleza. Aqueles que enfatizam só uma dessas características não são completos", argumenta João Armentano, arquiteto e decorador.

O importante é saber os limites do produto. A decoradora Anita Lerner comprou um sofá que, embora pouco adequado para uma sala de TV, funciona como decoração em uma sala de crianças. "Ele cumpre sua função estética." (LUCIANO GRÜDTNER BURATTO)
 

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